TRE-AC promove palestra sobre linguagens e racismo institucional

Evandro Luzia evidencia o papel das instituições na revisão de práticas e na promoção de ações antirracistas

Evandro Luzia evidencia o papel das instituições na revisão de práticas e na promoção de ações a...
Evandro Luzia evidencia o papel das instituições na revisão de práticas e na promoção de ações antirracistas
O Tribunal Regional Eleitoral do Acre promoveu, na manhã desta sexta-feira, a palestra “Linguagens e Racismo Institucional”, ministrada pelo professor e pesquisador Dr. Evandro Luzia Teixeira, especialista em Linguagens e Identidades. A atividade integrou a programação dos 50 anos de instalação do TRE-AC e reuniu magistrados, servidores e público remoto, em formato híbrido, com transmissão pelo YouTube.
 
Abrindo o evento, o presidente do Comitê Gestor de Promoção de Políticas para Equidade Racial do TRE-AC e Juiz da 3ª Zona Eleitoral, Éder Viegas, reforçou o papel das instituições públicas no combate ao racismo estrutural e destacou que ações educativas são fundamentais para ampliar a consciência e revisar práticas institucionais.
 
Ao concluir a abertura, a presidente do TRE-AC, Desembargadora Waldirene Cordeiro, ressaltou que o enfrentamento às desigualdades ainda é um desafio cotidiano: “Somos ensinados a reproduzir preconceitos, muitas vezes sem perceber. A mudança começa quando reconhecemos o peso das palavras e das atitudes na vida das pessoas”, afirmou.
 
Durante a palestra, que contou com a presença da juíza-auxiliar da presidência do TRE-AC, e dos servidores, o palestrante apresentou uma análise aprofundada sobre como linguagens, discursos, gestos e silêncios estruturam relações de poder e sustentam práticas discriminatórias dentro e fora das instituições.
 
Citando autores como Bakhtin, Sueli Carneiro, Achille Mbembe e Silvio Almeida, reforçou que a linguagem não é neutra e pode se tornar ferramenta de legitimação do racismo institucional. Explicou que expressões comuns do cotidiano — mesmo as aparentemente inofensivas — carregam intencionalidades históricas e revelam desigualdades profundamente naturalizadas.
 
Entre os pontos destacados, o palestrante apresentou:
 
* A crítica à expressão “mimimi”, tratada como tecnologia linguística de silenciamento que deslegitima dores, denúncias e vivências, especialmente de pessoas negras, mulheres e populações periféricas.
 
* A permanência de práticas linguísticas que animalizam, inferiorizam ou apagam identidades negras, como “pesa sete arrobas”, “denegrir”, “lista negra” e o eufemismo “moreno”.
 
* Uma revisão histórica do racismo no Brasil, passando pelo racismo científico, eugenia, escravidão e pós-abolição, mostrando como essas estruturas moldaram discursos e políticas públicas.
 
* A relação entre linguagem e necropolítica, destacando como discursos institucionais podem definir quem é protegido e quem é vulnerabilizado na sociedade.
 
* A necessidade de reconhecer que o racismo institucional se manifesta em processos seletivos, no atendimento ao público, nas hierarquias e na ausência de representatividade.
 
Para Evandro, “a transformação depende da revisão consciente das práticas de linguagem, da escuta ativa e do compromisso de enfrentar discursos que naturalizam desigualdades”.
 
A presidente do TRE-AC, desembargadora Waldirene Cordeiro, reforçou que a instituição tem buscado ampliar espaços de debate e formação. Ressaltou ainda a importância de reconhecer que o repertório linguístico brasileiro foi historicamente construído com expressões racistas, que precisam ser revistas para que a sociedade avance.
 
A diretora-geral do TRE-AC, Verônica Costa, destacou que a palestra trouxe reflexões necessárias sobre a história de violência que marcou a formação do país e sobre a importância de reconhecer que a semente da resistência permanece viva. “O conteúdo apresentado nos inquieta, mas também nos fortalece. É um chamado para que cada um de nós contribua para transformar nossa instituição em um espaço mais justo, consciente e comprometido com a equidade”, afirmou.
 
A atividade foi encerrada com momento de interação e perguntas do público, reafirmando o compromisso do TRE-AC com a construção de ambientes institucionais mais seguros, igualitários e conscientes do poder da linguagem.
Evandro Luzia evidencia o papel das instituições na revisão de práticas e na promoção de ações a...
1/ Galeria de imagens
ícone mapa

Endereço e telefones do tribunal.

Tribunal Regional Eleitoral do Acre

Alameda Ministro Miguel Ferrante, 224.

Portal da Amazônia - Rio Branco - AC

CEP: 69915-632 - Brasil

PABX: (+55-68) 3212-4401  

Horário de atendimento: das 7h às 14h.

Acesso rápido