O Tribunal Regional Eleitoral do Acre (TRE-AC) lançou o 9º episódio do podcast Além do Voto, série comemorativa pelos 50 anos de instalação da instituição. A convidada especial é a Desembargadora Eva Evangelista, a primeira mulher a presidir o Tribunal, que comandou a Corte em três mandatos: 1985–1987, 1994–1996 e 2003–2005.                                      

Durante o bate-papo, a magistrada compartilhou memórias marcantes de sua trajetória, relembrou momentos históricos da redemocratização e destacou a evolução da Justiça Eleitoral acreana — da urna de lona ao voto eletrônico.

Da urna de lona à urna eletrônica

Eva Evangelista relembrou sua primeira eleição em 1978, quando ainda presidia o pleito em Sena Madureira, em plena transição política do país. “Era o tempo das cédulas de papel, do voto cantado e da recontagem manual. Presidir uma eleição naquela época exigia coragem e serenidade”, recordou.

A magistrada destacou que acompanhou de perto a modernização do processo eleitoral, que culminou na adoção da urna eletrônica. “A urna é segura, confiável e um marco da democracia. Só desconfia quem se recusa a conhecer o sistema”, afirmou.

Pioneirismo e conquistas institucionais

A desembargadora também rememorou a luta pela construção da sede própria do TRE-AC. Ela revelou que as articulações começaram ainda em sua gestão, com o apoio do então governador Orleir Cameli e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Trabalhamos muito para que o Tribunal tivesse sua casa. O prédio onde hoje funciona o TRE era, na época, o sonho de muitos. As fundações já estavam prontas quando deixei o cargo”, contou.

Outro marco de sua administração foi o recadastramento eleitoral de 1986, que atualizou o cadastro de mais de 145 mil eleitores, e a valorização dos servidores, com a retomada do auxílio-saúde. “Antes que o sindicato pedisse, eu já havia providenciado. Era um direito justo, e fiz questão de garantir”, disse.

Educação para a cidadania

Eva Evangelista também recordou a criação do programa Eleitor do Futuro, implementado em parceria com a Escola Judiciária Eleitoral (EJE-AC), que levou palestras e ações educativas a escolas e comunidades em todo o estado. “Nós íamos a cada município, conversávamos com os jovens e promovíamos o comício do Eleitor do Futuro. É fundamental despertar nos adolescentes o interesse pela democracia desde cedo”, destacou.

Inspiração e legado

Ao refletir sobre sua trajetória, a magistrada preferiu falar em construção, não em legado. “Meu trabalho foi coletivo. Se conseguimos fortalecer a democracia e deixar uma Justiça Eleitoral mais sólida, fico feliz. Tudo foi fruto do empenho de juízes, servidores e colaboradores”, disse.

Em sua mensagem final, dirigiu-se às novas gerações de servidores e magistrados: “Envolvam-se pessoalmente em tudo o que fizerem. A tecnologia é importante, mas nada substitui o pensamento humano e o compromisso com quem é atendido pela Justiça Eleitoral”, finalizou.

Acompanhe o episódio completo pelo canal de YouTube no TRE-AC. Clique aqui!